Edson era um desses seguranças da Alfa (aqui em Moçambique há um segurança por porta de casa e prédio nas zonas classe média e 90% são dessa empresa). Fardado e sério tem cara de perigoso, mas quando aqueles 20cm de sorriso com dentição completa e branca, deixa claros os seus 25 anos e a simpatia herdada. Gostava de conversar com os “patrões” mas nunca puxava papo. Esperava o approach e pouco a pouco ia se soltando.


1 – Mata-bicho (café-da-manhã) na casa do noivo
2 – Palácio dos Casamentos – casamento civil
3 – Jardim dos Namorados – fotos
4 – Igreja – cerimônia religiosa
5 – Copo d’água na casa da noiva (de água, nada)
6 – Festa na igreja
7 – Festa principal na casa do noivo, com entrega de presentes
Os dois últimos itens acontecem no domingo.
Os mulungos são convidados a mata-bichar, apesar de já terem comido em casa, receosos de passar fome. A primeira gafe. De barriga cheia, engolir às 08:00h da manhã um pedaço de galinha temperada e um copo de chá fraco sem açucar... As dez pessoas presentes já começaram a rir-se de nós a partir desse momento. Sêo Adriano não. Sempre com um sorrisão demonstrando respeito e alegria de ter-nos por perto.
Na saída ouvimos pela primeira vez o grito de alegria das mulheres moçambicanas. O som parece um pouco ao emitido pelos nossos indígenas, mas elas fazem a interrupção entre os sons com a língua e não com a mão, produzindo um “lululululu” em coro, agudo e alto. A madrinha ia na frente limpando o caminho com um espanador de folha de coqueiro, e o resto se organizava em forma de procissão com o Sêo Adriano radiante na frente. Entram no carro, e os mulungos dirigem.

Chegando ao Palácio dos Casamentos, uma surpresa. Achamos que haveria só o casamento dele pelo período de uma hora... eram dezenas, com centenas de pessoas a espera, 8 noivas na fila das cerimônias atrasadas. 15 minutos cada casamento.
Só negros. Não que em Moçambique só haja negros. Os indianos, árabes e brancos têm sua própria tradição. No Palácio, só negros. Com direito a danças típicas, cantos em coro e lenços na cabeça. Assim todos se (des)organizavam esperando sua vez.
Por: Luís Paulo R. Camisasca. Inverno de Maputo, 2007.
5 comentários:
What a way with words you have. Brings it all to life.
Vai fundo.
Brada
Enquanto não chegar aos 3 comentários não publico o próximo episódio. humpf!
LP
cara, muito legal a cerimônica, os cantos...
cada experiência hein meu amigo.
vaya!
Lu, adorei a foto da mãe com a filhinha "embrulhada" na rede. Eu não teria coragem de colocá-la nas costas, a criança fica muito esposta!! Minha cara fazer esse comentário.
fafá, acho q a capulana é um jeito mto legal de cuidar dos bebês. eles ficam sempre com o calor da mae, acompanhando cada passo dela.
as vezes vejo a irma mais velha da familia levando o mais novo. lembro mto de vc.
beijos
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