quinta-feira, 28 de maio de 2009

Tchau, Maputo!

Eu, perdendo o vôo de 15h55 do dia 15/05 pra Johannesbourg. Mas peguei o seguinte...


Despedida. Só uma cervejinha com os amigos...


15/05/2009

Aviao de Maputo a Paris

Hoje acabou. Depois de ter esta data marcada na cabeça por tanto tempo, acabou.
Estou sentado num aviao da LAM, rumo a Johannesbourg. Hoje ainda tive tempo de acordar tarde, de ressaca, de trancar a chave dentro de casa pela ultima vez, e de finalmente perder o voo das 15h55 a JHB. Vou um pouco mais tarde, mas ainda a tempo de pegar a conexao.

Acabei de arrancar as ultimas raizes hoje. Já há uns mese eu vinha me preparando para este momento. Emocionalmente fui me desligando das pessoas, das coisas, do trabalho... A última raiz mais profunda foi a romantica, que resolvi com a vinda da Marcella (mérito dela). Esta raíz eu tentei tirar com todo o cuidado para sair intacta e poder ser replantada noutros sítios.
Sinto-me como o Howl, com seu castelo ambulante (moving castle).

Reduzo o meu peso, retiro, jogo fora. Elimino tudo o que não fará parte dos próximos passos, e sigo em frente com força total.
Amanha chego a Paris, com tres malas, totalizando 41,5Kg, e já tenho que estar pronto para os desafios a frente. Segunda, 14h, tenho que estar firme e forte no escritório central da Total em Paris (18/05). Logo, vou a Milao (26/05) fazer mais entrevistas... Só sei onde isto começa. Onde e quando acaba, não tenho nem idéia.

Agora, vendo Maputo do alto, lembro-me do dia da chegada. Há 2 anos eu via Maputo como a África. Olhava com os olhos de quem veio com uma idéia pronta, e procurava ansiosamente confrmá-la: encaixar a realidade que eu estava vendo naquelas gavetinhas na cabeça, que contêm os pré-conceitos sobre tudo e todos.

Hoje saio com uma visao engrandecida, de uma realidade que se impôs sobre mim quando eu já achava ter todas as respostas.

No final, aprendi a ir com calma nos julgamentos, decisoes, atitudes... Vejo que correr para a frente e para trás pode ser evitado se eu der passos serenos e seguros.

Outro grande aprendizado foi a escuta. Parar na frente de uma pessoa, quieto, e absorver o que ela tem a dizer. Não só ouvir as palavras, mas sentir a pessoa, sem a pressa de chegar a uma conclusao antes da hora.

Esta é uma virtude que nos esquecemos quando estamos no mundo do desenvolvimento, do estresse, do consumo e das propagandas de 20 segundos. Ficamos programados para iniciar e finalizar uma idéia o mais rápido possível. Perdemos a capacidade de começar do zero. De tirar as conclusoes com base no que nos é dito e demonstrado. De, pouco a pouco, dia a dia, construir uma imagem do Joao, do Francisco, do Edson...
... a continuar... (ainda tenho que digitar o resto)