segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Primeiras Impressoes

----> Texto escrito logo após minha chegada a Maputo - Maio, 2007 <---------
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Nossa! A África é impressionante mesmo! Dormi vendo o pôr-do-sol do Saara, e acordei admirando a mistura de montanhas e floresta do Sudeste do continente. Moçambique é muito rico. Um verde intenso, cortado por rios em S e manchado por lagoas brilhantes. Imagino a vida que tem lá em baixo... Descendo do avião já sinto o sol aquecendo ate a alma, que responde com uma vibração intensa pelo corpo, expressa num sorrisão de boas-vindas a si mesmo. Sinergia instantânea com o ambiente. Sem duvida esta terra é irmã do Brasil. Entro na sala de chegada do aeroporto, mil fotos de negras com vestidos típicas, com a cara revestida em branco reforçando as boas-vindas, em inglês. To me sentindo no Jardineiro Fiel. Ate que chega a fila de controlo de passaportes. 15 minutos, meia hora... 45 minutos... passo. Balãozinho de pensamento: "Finalmente vou pegar minha mala". Nada. Correia de bagagens parada com 3 malas e 5 pessoas sentadas em cima. Pergunto ao grupo de funcionários que conversavam em dialeto. Todaj ax malax de Joanexburgo extao aqui, senhori. Ta certo. Realmente ser irmã tem seus pontos fortes e os fracos... Apos a reclamação, sai para a rua (atravessar o aeroporto demora 2 minutos - igual Vitoria), e vejo contra o sol 5 homens apoiados numa grade, que se ajeitam quando me vem, e levantam cada um a sua plaquinha de hotel. Nada do meu Ibix. Afinal, peguei um carro de outro hotel, e descobri que as plaquinhas não são lá muito fieis. 1 dólar pro ajudante, 5 pro motorista, e chego no Hotel. No caminho, parecia que eu estava rodando um documentário sobre o bairro do Soweto, na África do Sul. Essas favelas de casiculas que se estendem desorganizadamente por quilômetros (em plano - não montanhas). E no contato com a rua, vários quiosques mal-pintados com as cores da Coca-Cola. Num deles, uma criança mínima, sem camisa, deitada no balcão. O transito, calmo. Volante à direita, provavelmente inspirados pelos sul-africanos. As condições das ruas, péssimas. Calcadas se desintegrando em terra pra juntar-se ao asfalto. Carros de 1980. Alguns novos demais. Muitas caminhonetes toyota antigas - me lembrou Iraque (que nunca vi).
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Mais tarde, resolvi dar uma volta para trocar o dinheiro. A impressão que tenho daqui eh realmente que deram um controlC na civilização européia e colaram na vida tribal africana. Parece que as pessoas não estão preparadas pra trabalhar, pra viver em uma cidade, pra produzir, pra se comunicar em português... não parece natural deles, sabe?
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O que eles são muito bons é em contato pessoal. Apesar de que eles me tratam com bastante desconfiança ainda, depois de algum tempo rola uma conversa mais relaxada. Os olhares que sinto são diversos, mas que me causam alguma tensão. As vezes me sinto como um turista americano na praia de Copacabana, as vezes me sinto um europeu explorador, as vezes o sultão do petróleo cheio da grana... Tudo menos "um deles". Isso com certeza.
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Mas tenho esperança que isso mude um dia. Pois por enquanto a casca européia ainda esta muito presente. Até agora não consegui relaxar caminhando pelas ruas. Olho com olhos de estrangeiro caminho em ritmo acelerado, como quem tem um objetivo traçado.
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Eles, por outro lado, tem um espirito diferente. Você olha pra cara de qualquer um, e não parece que estejam realmente desempenhando aquela tarefa. Quando caminham, são cheios de graça, de rebolado, de aparente despreocupação... Quando alguém esta te atendendo ou trabalhando, parece que estão jogando paciência e muitas vezes tem 5 pessoas pra uma tarefa, sendo 4 observadores... Acho que é por isso que me lembrou Porto Seguro. Um clima de tranqüilidade, de que o tempo parou... o sol forte, muita gente pela rua, crianças correndo, batalhões de vendedores de rua, gente pedindo... e logo o centro da cidade, com a estatua de seu primeiro presidente - Samora Machel -, o único edifício realmente branco da cidade - a igreja da Se - e o palácio do governo. O almoço de hoje foi ótimo. Um Caril de Camarão. Igual o bobó, mas com um gostinho discreto de curry. Achei ótimo. Menos de 10 euros (300 meticais) pra duas pratadas com muitos camarõezinhos, e uma coca-cola. O tempo é ótimo. Não está muito úmido e faz calor. Tem ar condicionado no quarto. As pessoas, muito legais, depois que você quebra o gelo. As lojas aqui perto parecem o centro de vitoria. Preço baixo com produtos simples. Fui num mercadinho que tinha de tudo. Comprei uma pasta de dente e uma escova (já que minha mala não chegou ainda) por 30 meticais. Menos de 1 euro. Sorte que eu trouxe algumas coisas na mala de mão, por precaução.
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O metical tem Samora Machel na frente, e bichos variados atras. Veados, elefantes, leões...

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Urnas Pequenas....









quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Scan

Para inovar... digitalizei uma página do caderno onde escrevo essas histórias todas....
Acho que se você clicar em cima dela, ela fica maior e legível (fora a caligrafia sofrível).

O texto está um pouco forte. Se refere às minha primeiras impressões e experiências em Maputo.