Nós, brasileiros que tentamos uma carreira de alguma forma séria fora do Brasil, temos que conviver e lutar contra os esteorótipos que a mençao da palabra Brasil traz à mente. Posso contar nos dedos as pessoas que conseguem segurar o sorriso malicioso ao ouvir meu local de nascença e criaçao. A imagem que vem à cebeça, imagino, envolverá uma mulata de ancas largas dançando samba, rodeada por homens morenos, musculosos, sem camisa, com uma cerveja na mao e um baseado na outra. Ah! E confeti e serpentina chovendo como numa final de copa do mundo.
Isso nao é novidade para ninguém. E nem necessariamente é algo negativo. Essa aura brasileira já me garantiu lugares em festas, e um cartao de entrada a grupos de gente que mais tarde tornou-se minha amiga após conhecer minhas reais qualidades e defeitos.
Também, por outro lado, já ouvi diversas críticas duríssimas e julgamentos sumários por minha traiçao à pátria... "Só pra Contrariar" no fundo, todos europeus-bunda-quadrada batendo palma, animadíssimos, viram-se pra mim com olhos arregalados, cheios de expectativa: "Vai láá brasileiro!! Enseñanos como se baila la samba!" "Como?? Você nao sabe sambar??". Essa cobrança estende-se também ao bom humor. O dia que o sorriso nao sai, acordas de mau com a vida, ou simplesmente estás a fim de mandar alguém para casa do chapéu, logo lançam olhares e comentários "god! what kind of brazilian are you?", como se, dentro do teatro global, fosse do brasileiro a funçao de animar, providenciar prazer e gozo aos outros, estes ocupados com as questoes sérias da vida.
Brasil se tornou, de fato, uma marca. Marca esta que cabe muito bem em sandálias para a praia, em biquinis, refrescos, cervejas e jogadores de futebol. Isso, como um primeiro passo é excelente, especialmente para nós, que até pouco tempo nem tínhamos uma marca internacional. Agora estamo começando a construir um outro degrau, com nossos avioes, médicos, comunicadores e engenheiros, em que as pessoas começam a tomar um choque em relaçao ao primeiro. "Oh, yeah! City of God is brazilian... (cara de estranhamento) is it a national production?"
Yes it is. Nós, na nossa luta por definiçao de uma identidade, uma cara nacional, temos que caminhar rumo a esse segundo degrau, sim. Do profissionalismo, estudo, ciência, razao... Tudo isso, mas sem esquecer que é o primeiro degrau que dá-nos o diferencial. O balanço entre nossa capacidade intelectual e o jogo de cintura para resolver problemas, o bom humor nas relaçoes interpessoais e a criatividade é a mistura que pode nos tornar peça fundamental em qualquer empresa, projeto, governo ou ONG no mundo todo.
5 comentários:
Lu, gostei da profundidade do assunto escolhido. Dá para filisofar durante um bom tempo. Lembro quando morei nos Estados Unidos (auge da Lambada...) todos olhavam para mim e queriam que eu fizesse o show!! Totalmente sem noçaõ! beijo Fá
hahaha! lambada ainda por cima... putz!
agora... os americanos tao num estereotipo pior ainda! coitados dos bons estadunidenses... ja sao olhados de cima-abaixo só pelo sotaque. "hi! I'm from California!" e todos já rolam os olhos e respondem com resistencia...
cada um com sua luta!
beijo fa!
Tive que rir.... Um dia desses na fabrica, quando eu estava comendo, um funcionario me fala: "Quando vc terminar de comer, mostra para gente como se samba"! Nessas horas finjo que meu italiano é muito precario e me faço de sonsa..... Isso sem contar a quantidade de italianos que pensam que TODA brasileira é puta.... sem comentarios!
Essas coisas ja me irritaram muito no começo, mas depois percebi que graças a essa admiraçao que eles possuem pelas mulheres e é claro pelo futebol, nao sofri "tanto" preconceito quanto nossos vizinhos latino-americanos....
Continue escrevendo, ADORO ler todos as suas postagens!
Beijocas,
Tati
Estereótipo é uma merda! Muito chato ser visto como uma coisa só. Rola não.
Acho que a resposta a ser dada aos branquinhos do norte que nos acham tão feliz, é que, sim, somos muito felizes, demasiadamente felizes e sádicos. Somos um povo que já nasce sem sentimentos pois se acostuma a fazer churrasco na frente do mendigo. Um povo tão frio e indiferente que chega a ser sádico. E diga mais. Diga para eles tomarem cuidado pois, em pleno século XXI, criamos verdadeiras multinacionais messiânicas prontas a tomar conta do mundo às custas do dinheiro de miseráveis. Eles acharam o 11 de setembro ruim, esperem até provar da nossa sede de conquistar o mundo! Enquanto eles estão acomodados, pensando se vivem de uma pensão do governo ou se viajam o mundo, praticamos diariamente nossa frieza passando com o carrinho de bebê por cima do negrinho esquartejado no meio da rua. Enrijecemos ainda mais nosso sistema de defesa psicológico e em breve não teremos medo ou afeto por mais ninguém.
ps: Até que você não samba tão mal.
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