quarta-feira, 2 de julho de 2008

Identidade Nacional

Nós, brasileiros que tentamos uma carreira de alguma forma séria fora do Brasil, temos que conviver e lutar contra os esteorótipos que a mençao da palabra Brasil traz à mente. Posso contar nos dedos as pessoas que conseguem segurar o sorriso malicioso ao ouvir meu local de nascença e criaçao. A imagem que vem à cebeça, imagino, envolverá uma mulata de ancas largas dançando samba, rodeada por homens morenos, musculosos, sem camisa, com uma cerveja na mao e um baseado na outra. Ah! E confeti e serpentina chovendo como numa final de copa do mundo.

Isso nao é novidade para ninguém. E nem necessariamente é algo negativo. Essa aura brasileira já me garantiu lugares em festas, e um cartao de entrada a grupos de gente que mais tarde tornou-se minha amiga após conhecer minhas reais qualidades e defeitos.

Também, por outro lado, já ouvi diversas críticas duríssimas e julgamentos sumários por minha traiçao à pátria... "Só pra Contrariar" no fundo, todos europeus-bunda-quadrada batendo palma, animadíssimos, viram-se pra mim com olhos arregalados, cheios de expectativa: "Vai láá brasileiro!! Enseñanos como se baila la samba!" "Como?? Você nao sabe sambar??". Essa cobrança estende-se também ao bom humor. O dia que o sorriso nao sai, acordas de mau com a vida, ou simplesmente estás a fim de mandar alguém para casa do chapéu, logo lançam olhares e comentários "god! what kind of brazilian are you?", como se, dentro do teatro global, fosse do brasileiro a funçao de animar, providenciar prazer e gozo aos outros, estes ocupados com as questoes sérias da vida.

Brasil se tornou, de fato, uma marca. Marca esta que cabe muito bem em sandálias para a praia, em biquinis, refrescos, cervejas e jogadores de futebol. Isso, como um primeiro passo é excelente, especialmente para nós, que até pouco tempo nem tínhamos uma marca internacional. Agora estamo começando a construir um outro degrau, com nossos avioes, médicos, comunicadores e engenheiros, em que as pessoas começam a tomar um choque em relaçao ao primeiro. "Oh, yeah! City of God is brazilian... (cara de estranhamento) is it a national production?"

Yes it is. Nós, na nossa luta por definiçao de uma identidade, uma cara nacional, temos que caminhar rumo a esse segundo degrau, sim. Do profissionalismo, estudo, ciência, razao... Tudo isso, mas sem esquecer que é o primeiro degrau que dá-nos o diferencial. O balanço entre nossa capacidade intelectual e o jogo de cintura para resolver problemas, o bom humor nas relaçoes interpessoais e a criatividade é a mistura que pode nos tornar peça fundamental em qualquer empresa, projeto, governo ou ONG no mundo todo.

5 comentários:

Anônimo disse...

Lu, gostei da profundidade do assunto escolhido. Dá para filisofar durante um bom tempo. Lembro quando morei nos Estados Unidos (auge da Lambada...) todos olhavam para mim e queriam que eu fizesse o show!! Totalmente sem noçaõ! beijo Fá

LP Camisasca disse...

hahaha! lambada ainda por cima... putz!
agora... os americanos tao num estereotipo pior ainda! coitados dos bons estadunidenses... ja sao olhados de cima-abaixo só pelo sotaque. "hi! I'm from California!" e todos já rolam os olhos e respondem com resistencia...
cada um com sua luta!
beijo fa!

Tati Arrebola disse...

Tive que rir.... Um dia desses na fabrica, quando eu estava comendo, um funcionario me fala: "Quando vc terminar de comer, mostra para gente como se samba"! Nessas horas finjo que meu italiano é muito precario e me faço de sonsa..... Isso sem contar a quantidade de italianos que pensam que TODA brasileira é puta.... sem comentarios!
Essas coisas ja me irritaram muito no começo, mas depois percebi que graças a essa admiraçao que eles possuem pelas mulheres e é claro pelo futebol, nao sofri "tanto" preconceito quanto nossos vizinhos latino-americanos....
Continue escrevendo, ADORO ler todos as suas postagens!
Beijocas,
Tati

Ahmed Hamdan disse...

Estereótipo é uma merda! Muito chato ser visto como uma coisa só. Rola não.

Anônimo disse...

Acho que a resposta a ser dada aos branquinhos do norte que nos acham tão feliz, é que, sim, somos muito felizes, demasiadamente felizes e sádicos. Somos um povo que já nasce sem sentimentos pois se acostuma a fazer churrasco na frente do mendigo. Um povo tão frio e indiferente que chega a ser sádico. E diga mais. Diga para eles tomarem cuidado pois, em pleno século XXI, criamos verdadeiras multinacionais messiânicas prontas a tomar conta do mundo às custas do dinheiro de miseráveis. Eles acharam o 11 de setembro ruim, esperem até provar da nossa sede de conquistar o mundo! Enquanto eles estão acomodados, pensando se vivem de uma pensão do governo ou se viajam o mundo, praticamos diariamente nossa frieza passando com o carrinho de bebê por cima do negrinho esquartejado no meio da rua. Enrijecemos ainda mais nosso sistema de defesa psicológico e em breve não teremos medo ou afeto por mais ninguém.

ps: Até que você não samba tão mal.